Tecnologia brasileira corta em até 30 vezes o CO₂ no tratamento de esgoto
02/10/2025
(Foto: Reprodução) Bioaumentação: microrganismos autóctones aplicados diretamente na lagoa reduzem etapas poluentes e custos. – Crédito: Divulgação
Uma tecnologia desenvolvida pela empresa Legun Biotecnologia promete mudar a forma como o lodo de esgoto é tratado no Brasil. Um estudo comparativo, baseado em modelagem matemática, revelou que a metodologia chamada de bioaumentação com microrganismos autóctones pode reduzir em até 30 vezes as emissões de dióxido de carbono (CO₂) em relação aos métodos tradicionais, que envolvem dragagem, transporte e secagem do lodo.
O que a Legun faz
A Legun Biotecnologia é uma empresa brasileira especializada em soluções inovadoras para o tratamento de resíduos e efluentes. Sua atuação abrange:
ETE (Estações de Tratamento de Esgoto) – aplicando bioaumentação para reduzir carga orgânica e estabilizar lodo diretamente nas lagoas.
ETA (Estações de Tratamento de Água) – com tecnologias biológicas que otimizam o tratamento de resíduos gerados nos processos de tratamento.
Aterros sanitários – oferecendo alternativas para o manejo do chorume e degradação da fração orgânica.
A Legun atende órgãos públicos, empresas privadas e indústrias de diferentes setores, sempre com foco em alcançar os mais altos padrões de eficiência, ao mesmo tempo em que garante conformidade com a legislação ambiental.
Por que isso importa
O tratamento de esgoto é essencial para a saúde pública e para o meio ambiente, mas pode gerar grandes volumes de lodo, material rico em matéria orgânica que precisa ser estabilizado.
Nos métodos tradicionais, esse lodo é retirado, transportado por caminhões e, muitas vezes, passa por secagem térmica antes de ser disposto em aterros ou em outras unidades. Cada uma dessas etapas consome diesel e energia elétrica, aumentando as emissões de gases de efeito estufa.
Modelo tradicional: dragagem, secagem e transporte do lodo consomem energia e aumentam as emissões de CO₂ - Crédito: Divulgação
Já no processo da Legun, a degradação do lodo ocorre diretamente nas lagoas da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), sem a necessidade de transporte ou secagem. Microrganismos locais, presentes naturalmente no ambiente, são estimulados a acelerar a decomposição da matéria orgânica, tornando o processo mais simples e sustentável.
Os números da simulação
Na simulação feita com base em um volume de 6.600 m³ de lodo, os resultados foram claros:
Método tradicional (dragagem, desaguamento e transporte): cerca de 88 toneladas de CO₂ fóssil emitidas.
Método tradicional com secagem térmica: até 128 toneladas de CO₂ fóssil.
Método Legun (in situ): apenas 3,9 toneladas de CO₂ fóssil.
Ou seja, a bioaumentação emite até 30 vezes menos CO₂ que as alternativas convencionais.
O que dizem as diretrizes internacionais
O estudo seguiu as recomendações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que determina que o CO₂ biogênico — liberado naturalmente na decomposição da matéria orgânica — seja considerado neutro em carbono, não somando ao inventário oficial de emissões.
Isso significa que os valores comparados se referem apenas ao CO₂ fóssil, aquele que realmente contribui para o aquecimento global, reforçando ainda mais a vantagem do método.
ODS da ONU e responsabilidade ambiental
A tecnologia da Legun se conecta diretamente aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente o ODS 6 (Água Potável e Saneamento) e o ODS 13 (Ação contra a Mudança Climática).
Resultado da metodologia Legun: lagoa estabilizada com menor impacto ambiental e conformidade legal – Crédito: Divulgação
Além do ganho ambiental, a empresa afirma que os clientes também se beneficiam de redução de custos logísticos e de maior eficiência operacional.
Próximos passos
Segundo a Legun, os resultados reforçam que investir em inovação é essencial para que o setor de saneamento avance em direção a um futuro mais sustentável.
“Nosso objetivo é mostrar que é possível tratar esgoto de maneira eficiente e, ao mesmo tempo, contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa”, afirmou a equipe técnica da empresa.